Privada também é cultura (Andromeda Junior 3)
Os blogcolegas Paulo e Shigeko profetizaram corretamente no comentário do post anterior que, à medida que vamos acostumando com o Japão, vamos deixando passar os "uau!," "gente!," "credo!" e outras expressões de surpresa. Tudo passa a ser "simplesmente comum."
Mas podemos dar um jeito nisso. Vasculhando os arquivos Andromeda, encontrei algumas fotos do meu trigésimo dia de Tokyo:
6 de novembro de 2003
Querido diário,
Esta privada japonesa me deixou literalmente de joelhos. Mas, por sorte, encontrei uma manual de instrução em português.
Também registrei o momento exato de como é estar face-a-face com o destino.
Relembrando, há um post chamado "Cadê o botão da descarga?" no blog "Meu Japão é assim". Lá há uma privada com uma arquitetura mais pink, menos agressiva.
6 Comments:
Emerson!!!
td certinho?!?!
nooossaaaa... mas quanta coisa interessante por aí né? hehehe... coisas super diferentes!!!!
Até quando vc fica no nihon...
beijos
Deus me livre dessas privadas! Me da uma tristeza quando entro em um banheiro que só tem dessas. Eu gosto mesmo eh dos vasos sanitarios high-tech da Toto!
Olha, eu já estou muito acostumado com muita coisa. Não me espanto com quase mais nada, mas esses vasos sanitários "washiki" não me descem.
A primeira vez que eu vi um foi no Aeroporto de Narita no dia que eu cheguei no Japão. Fiquei meio intrigado que num aeroporto tão moderno existissem essas latrinas de presídio. Quando cheguei na universidade, me deparei novamente com um desses. Aí os meus colegas me explicaram que era "estilo japonês".
O que eu acho mais impressionante é que, pelo menos na minha universidade, a maioria dos japas preferem os vasos de acocorar. No banheiro perto do meu laboratório, tem os dois tipos. Sempre o estilo latrina é ocupado primeiro!
Aqui no prédio do meu departamento só tem privadas estilo japonês. Então só dá pra escolher o que tem mais papel higiênico e o que tem menos.
Mas o Adriano observou que essa privada é uma latrina na horizontal!!!
Soube que essas privadas são do mesmo estilo que os índios usam. O motivo é anatômico e de natureza prática. Um é que a pessoa não pode estar usando calça naquele momento - e os índios não usam calça e os europeus sim. Dois é que, anatomicamente, tudo desce como o Senna na reta da vitória.
Sem calças fica mais fácil. Não sei como é que os japas fazem. Como eu não tive uma mãe japonesa para me ensinar, tive que decifrar o modo de usar por mim mesmo.
Nas primeiras vezes, eu usei ao contrário, porque na concepção ocidental de privada, a gente deve mirar no lado que tem a água. Só alguns anos depois é que eu resolvi perguntar para alguém e descobri que era ao contrário.
Eu, desde o começo, fiz sem tirar a calça. Será que o normal é fazer sem? Bom, pelo menos eu posso dar o meu testemunho de que é totalmente possível fazer sem tirar nada mais do que a gente tira quando usa o vaso normal.
Mas pensando bem, seria muito mais fácil se a gente já andasse sem calça (como os índios). Concordo plenamente que a posição é muito conveniente e maximiza a eficiência da defecção. Eu, porém, tenho esse momento como um momento de reflexão diária muito importante para colocar as minhas idéias em dia. No estilo japonês, não há tempo para isso. É por demais objetivo. Não consigo me acostumar.
Nao é que é verdade? A privada japonesa nao permite tempo para reflexao. Não tinha percebido isso. Se tentar ler um livro perde o equilibrio. É por demais objetiva. É pá e pum! Ou poderiamos dizer eficaz demais?
Mas deve ser bom pra mulher com saia. Ou praqueles escoceses com kilt.
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