Thursday, May 25, 2006

Minha banda preferida no Japão

Spitz. Esta banda é World-Class.

Quando cheguei ao Japão, não tinha idéia se ia gostar de J-Pop, a música popular japonesa. Fui perguntar diretamente para quem sabe - os jovens - "o que há de melhor no Japão em termos de música."

Depois de escutar mais de vinte bandas cheguei a um veredito irrevogável. Duas, na minha humilde opinião, são bandas de categoria World-Class: uma é o Spitz e a outra é o Ketsumeishi. A primeira é a homenageada deste post e a segunda receberá os louros num post futuro.

É importante nós jovens exercitarmos nossas habilidades musicais e sempre construir a nossa lista dos top 5, para qualquer banda. Para o Spitz aí vão.

1) Sora mo toberu hazu - Essa música é uma das mais famosas ainda hoje em Tokyo.
2) Namida Ga Kirari - Segundo alguns, essa é a melhor deles. Decisão difícil.
3) Luna Luna - Essa é World-Class, junto com as outras.
4) Robinson - World-Class também.
5) Ai no kotoba - O título da música siginifica "palavra de amor". O vídeo-clipe é muito maluco, mas a música é bonita.

Como não poderia deixar de existir, Bonus Track para todos!
6) Spider
7) Hachimitsu
8) Ai no shirushi - O título da música siginifica "palavra de amor". O vídeo-clipe é muito criativo.

Sunday, May 21, 2006

O caranguejo capacete

Fotos: Na barraca da chinesa trapaceadora com um Limulus polyphemus. Em português é chamado caranguejo-ferradura; em em japonês,  o limulus é chamado de kabutogani ("caranguejo-capacete"). Os japoneses têm uma certa atração pela criatura pois lembra os capacetes dos guerreiros samurais.

O limulus polyphemus pode ser considerado um fóssil vivo pois não mudou nos últimos 445 milhões de anos.

Ele pode ser encontrado no Japão em alguma praia. Infelizmente não é encontrado nas costas do Brasil.

Friday, May 19, 2006

Barraco na China

Hong Kong Chronicles

Hong Kong dia 3

Hong Kong Chronicles são quatro histórias curtas dos três dias que passamos em HK.

Foi muito emocionante o encontro com meu pai e meus irmãos. Eles estavam viajando havia 15 dias pela China e combinamos de nos encontrar em HK. Visitamos juntos vários lugares, pegamos trem, barco, barquinho, até ônibus errado pegamos, e quase no fim da viagem nos metemos numa enrascada com os chibayas num restaurante. Chamaram até a polícia para prender a gente.

Meu bro mais velho gosta de peixe e tem fascinação por vila de pescadores. Não foi por acaso que ele tinha lido algo sobre uma vila de pescadores em HK. A tal vila era tão escondida e remota que demorou para chegar lá. Ao chegar, vimos várias barracas sujas atachadas a restaurantes bonitos. Nas barracas tinha um monte de aquários onde os peixes ficavam nadando. O sistema funcionava assim: a gente escolhia os peixes vivinhos na barraca e levava para serem preparados no restaurante ao lado.

Fomos parar numa lojinha que tinha uma dona muito "simpática". Meu pai comprou vários peixes estranhos e fomos para o restaurante atachado. Só que não dava para saber se o restaurante era da dona da peixaria ou se era uma parceria, do tipo "você vende o peixe e eu preparo". A moça calculou o valor dos peixes e meu pai achou que esse era o valor total que seria cobrado no final, depois de termos comido no restaurante. Dava uns 600 dólares de Hong Kong (90 dólares americanos). Comemos maravilhosamente pratos exotiquíssimos.

No entanto, quando veio a conta, meu pai soltou umas palavras em chinês cuja tradução não posso publicar. O valor era o dobro do esperado! Na nota não havia nenhuma discriminação, apenas o valor total. Meu pai se sentiu enganado e foi tirar satisfações com a dona da peixaria. Aí foi uma babel pois ele berrava em mandarim e a dona da peixaria se defendia em cantonês (em HK se fala cantonês). A tensão aumentou mais para mim quando vi um dos meus irmãos falando que o dono do restaurante estava discando pra polícia. Tudo isso a duas horas de eles irem para o aeroporto. E como falei, a gente estava looooonge.

Enquanto os dois discutiam, uma pequena platéia se formava na porta do restaurante. E a gente esperando a polícia para ver se ganhávamos um descontinho, principalmente porque faltou dinheiro de HK. A polícia não vinha, o desconto também não e a tensão aumentava. Como alguém tinha um avião para o Brasil para pegar, acabamos completando com dólar americano. E nessa confusão de moedas, caminhei até o caixa para acertar a conta e, sem intenção, paguei a minha parte a menos e, pasmem, ainda ganhei troco.

Fotos: Na barraca da chinesa trapaceadora com um Limulus polyphemus. Num post futuro conto mais minha história com este bichinho.

Wednesday, May 17, 2006

Paisagens e trams

Hong Kong Chronicles

Hong Kong dia 2

Hong Kong Chronicles são quatro histórias curtas dos três dias que passamos em HK.

Apesar de Hong Kong estar perto de Tokyo e de ser uma das cidades que tinha o sonho de visitar, foi por outro motivo - muito mais emocionante e inesperado - que nos fez cruzar o oceano até lá.

Quando fui ao Brasil em março do ano passado, meu irmão mais velho me revelou planos de visitar a terra natal de meu pai. Iriam os dois para a China. Só um ano depois, ele me comunica que estavam embarcando para a China e que iriam para Hong Kong nos três últimos dias da viagem. Restavam então quinze dias para aprontar a viagem para encontrá-los em Hong Kong.

Hong Kong das noites coloridas e brilhantes das fotografias é bem diferente de dia. O prédio ao lado não é o mesmo da foto de cima, no entanto é uma das centenas de prédios residenciais que vimos em áreas turísticas e não-turísticas da cidade. Esses prédios-cortiços nunca aparecem nos cartões-postais.




Cortiços ambulantes? Uma das principais atrações mundanas de Hong Kong é andar de "tram" - atração mundana é aquela que os guias de viagem não chamam de atração. Tram é um trem que anda nas ruas. É um tróleibus sobre trilhos.


O charme dos trams de HK é que são rústicos, altos, estreitos e pintados de verde. Mesmo novos, têm cara de velhos. Por dentro e por fora, parecem a casa da família Adams. Outro charme é que se pega pulgas em Hong Kong e acho que foi nesses trams que iniciei a importação das minhas para o Japão.


Por sorte, um dos bilhares de chineses lembrou que iria haver a Copa do Mundo este ano e pintaram o tram com a bandeira verde-amarelinha. Diga-se de passagem, apesar de a China não ter se classificado para a Copa, no quarto do hotel, vi todos os dias programas sobre a Copa ou sobre o time do Brasil. Até apresentador (de programa esportivo) estava vestido com a canarinho.


Creio que a popularidade do Brasil cresce e diminui ciclicamente em muitas partes do globo, em especial de quatro em quatro anos. Pelo menos em Tokyo, está acontecendo o mesmo. A foto da loja ao lado não me deixa mentir.

Voltando ao assunto, há um lindo laguinho por lá onde se encontra o maior restaurante flutuante do globo, com preços à altura de sua grandeza. Não foi lá onde almoçamos.



(Já faz duas semanas que voltei a Tokyo e as pulgas de Hong Kong parecem que tranqüilizaram a sua fúria.)

Monday, May 08, 2006

Arquitetura Hyper-Tech

Hong Kong Chronicles

Hong Kong dia 1

Meu irmão Wan aponta para a construção do outro lado da calçada e me pergunta: "Você já viu aquilo?" "Aquilo, o quê?" retruco. "

Se você olhar bem para os andaimes, vai perceber que eles não são feitos do que você está acostumado a ver.

Ele tinha recém chegado de uma viagem à China continental por 2 semanas e havia visto várias vezes a mesma cena.

Os bambus são amarrados com laço plástico e são estabilizados por bambuzões compridos em diagonal.

Mas até tu, Hong Kong? Isso me faz suspeitar que os 200 anos que os ingleses governaram Hong Kong não passaram de alguns segundos na China.


Saturday, May 06, 2006

"Rua dos Bem Casados"

De volta a Tokyo. A viagem de Hong Kong e Macau foi tão intensa e cansativa que no momento só terei tempinho para falar sobre fatos pitorescos.

A propósito, para quem leu o post anterior, descobri como os macaenses lêem os nomes das ruas. Mas antes vou falar sobre como são as placas das ruas.

Em Macau, as placas de ruas têm o nome escrito em português e em chinês. São lindas e charmosas, feitas de azulejo branco com as letras dentro de uma moldura azul com traços bem portugueses. Encontramos nomes como "Rua de Macau" (澳門街) e "Rua de Lisboa" (葡京街). Nosso hotel ficava na "Estrada da Vitória" (得勝馬路) e representava bem a situação pois havíamos saído de viagem sem ter feito reserva.

Outras têm nomes bem-humorados como "Rua dos Bem Casados" (連理街 ou literalmente rua do casal de relações íntimas), "Travessa das Lindas" (美女巷), "Calçada da Surpresa" (愕斜巷), "Travessa da Viola" (楽上巷) e "Pátio da Dissimulação" (暗圍).


Foi hilário saber que o "Restaurante Pelé" ficava na esquina com a "Travessa da Chupa" (媽閣第三巷). Ainda não compreendi o que significa "chupa" mas em chinês o primeiro dos cinco caracteres significa "mãe". Acho melhor continuar não sabendo.

Apesar de "Estrada da Vitória" (得勝馬路) significar literalmente a mesma coisa (rua do triunfo), "Travessa das Lindas" (美女巷) significar "travessa da mulher bonita" e o "surpresa" de "Calçada da Surpresa" (愕斜巷) significar exatamente "surpresa", o que dizer sobre nomes gigantescos como Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida (肥利喇亞美打大馬路)? Afinal, como um nome português é transformado em chinês?

Ao ir para uma das principais avenidas de Macau, a Almirante de Almeida Ribeiro (亞美打利庇盧大馬路), tivemos algumas revelações. Acontece que os nomes que os tugas puseram nas ruas não são os que os chinos lêem. Os chinos a chamam de San-Maa-Lou (新馬路 ou Avenida Nova). Mas se forçados a lerem Almeida Ribeiro soaria em cantonês mais ou menos como "aameidaa leibeilou."

Em resumo, "ngok-xie-hong" é como os macaenses chamam a "Calçada da Surpresa" (愕斜巷), "mei-neui-hong" a "Travessa das Lindas" (美女巷) e "am-wai" o "Pátio da Dissimulação" (暗圍). Para mim, mesmo esses sons estranhos não tiraram nem um pouco o charme dos nomes portugueses.